Atriz Letícia Rodrigues é condenada a 6 anos de prisão por injúria racial contra colegas de teatro em João Pessoa
Após ser condenada pela Justiça da Paraíba por injúria racial, a atriz e diretora de teatro paraibana, Letícia Rodrigues, em entrevista ao programa Cidade em Ação, da TV Arapuan, neste sábado (12), revelou ser inocente das acusações e que provará, por meio de recurso, a sua conduta.
“Em que ponto chegamos. Eu que faço parte da minoria, do movimento LGBT, que carrego a letra T comigo na frente que é a travestilidade e, a gente chegar nesse ponto, onde a gente já criou tantas possibilidades, quando eu fazia parte de outros equipamentos e faz com que essa movimentação cultural seja digna. Então chegar a esse ponto, a gente entende que é um laço que se quebra de 12 anos de amizade, foi uma amizade muito plena, mas foi um choque muito grande pra mim”, desabafou durante a entrevista.
Segundo Letícia, sua história na arte é conhecida no meio cultural e prova sua conduta ilibada. “Quem me consegue sabe dos meus trabalho e da minha índole. Eu trabalho da criança ao adulto. Eu transpaço de uma lado a outro com muita verdade. Quem me conhece, sabe que isso não passa de uma grande coisa que vamos precisar recorrer”, disse a artista como acompanhou o VozPB.
A decisão é da 2ª Vara Criminal de João Pessoa alega que a atriz cometeu injúria racial contra três colegas de trabalho em diferentes ocasiões. Esses casos aconteceram enquanto Letícia era diretora do teatro Ednaldo do Egypto, em João Pessoa.
“Peço que as pessoas que me conhecem fiquem bem calmas, pois estou tranquila com isso”, disse.
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A atriz Letícia Rodríguez
Além de atriz e dramaturga, Letícia também é gestora do Teatro Ednaldo do Egypto desde 2021. O interesse de Letícia Rodrigues no teatro foi despertado aos 9 anos, quando foi fazer um curso no Centro Livre Meninada. De lá pra cá, nunca mais parou, e já realizou mais de 30 espetáculos, se aventurando no teatro infantil e adulto. Porém, a popularidade no meio artístico veio quando junto ao seu irmão gêmeo Romilson interpretou as drags gêmeas Diet e Light.
Seu primeiro trabalho profissional foi a peça ‘O Tesouro do Coelho Pirata’, em 2000, dirigida por Isa Yplá. Em 01 de agosto de 2002, participou da fundação do Cara Dupla Coletivo de Teatro, coletivo no qual é membro até hoje.
Dentro do meio infantil, Letícia participou de várias peças, como ‘Scooby Doo: Mistério no Museu São Francisco’, de 2010, e ‘Scooby Doo e o Monstro do Farol do Cabo Branco’, de 2012. Interpretou em ambas o personagem Salsicha Rogers. Além disso, trabalhou em uma adaptação teatral da obra ‘O mágico de Oz’, e nas apresentações ‘Meu boneco de lata’, ‘Espantaram o espantalho’, entre outras.
No teatro adulto, a atriz também tem espetáculos em circulação.‘Eternamente Bibi’, peça onde interpreta e homenageia a artista carioca Bibi Ferreira, já acumula 19 prêmios nacionais.
Entre as conquistas da obra estão os prêmios recebidos na 15° edição do Festival Nacional de Teatro de São João Nepomuceno (Nepopó), em 21 de junho de 2023. A peça foi submetida à categoria alternativo, onde foi indicada a cinco prêmios e venceu dois: Figurino e o de Atriz, premiado à Letícia.
Outro trabalho de destaque da atriz é a peça ‘Gisberta – basta um nome para lembrarmos de um ódio’, que conta a história de Gisberta Salce Júnior, mulher trans brasileira que foi brutalmente assassinada em um crime de transfobia na cidade de Porto, em Portugal.
Gisberta se tornou um grande símbolo na luta LGBTQIAP+ de Portugal e uma fonte de inspiração para diversas manifestações culturais.
A iniciativa do espetáculo veio da própria Letícia, que ao conhecer a história de Gis buscou trazê-la aos palcos. A peça é dirigida por Misael Batista e contém a própria Letícia no papel de Gisberta.
Para se aparentar mais à Gis, a atriz emagreceu, pintou o cabelo e tentou até adquirir o cheiro de perfume da mesma. Letícia, também uma mulher trans, busca através do espetáculo transmitir uma mensagem de reflexão, respeito e combate ao preconceito.